Lembra-se das aulas de química, quando a professora falava da volatilidade dos elementos? Essa é a propriedade que uma substância tem de passar do estado líquido para o gasoso, logo, quanto mais volátil, mais rápida será essa passagem.
No mercado financeiro temos uma situação análoga, portanto, um ativo muito volátil tende a passar de um “estado” para o outro com mais rapidez. Faz sentido para você? Se a ideia não ficou muito clara, sem problemas. Afinal, o propósito deste artigo é apresentar o conceito no contexto financeiro e explicar de que forma ele influencia em investimentos de riscos moderado e alto. Acompanhe!
Volatilidade, no mercado de ações, é praticamente o oposto de estabilidade. Sendo assim, um ativo muito volátil tende a variar muito mais seus preços. Na verdade, todo ativo, em especial os de alto risco, tem sempre alguma volatilidade, já que é normal haver uma oscilação de preços em um day trade.
Acontece que, em alguns casos, essas oscilações acontecem em períodos de tempo mais curtos, passando de preços baixos a altos, às vezes em questão de minutos. Para um trader, é fundamental compreender e medir o quanto o preço de uma ação oscila, já que é a partir dessa leitura que ele poderá decidir a melhor hora de investir. Assim sendo, uma escolha errada pode gerar perdas expressivas, o mesmo valendo quando se toma a melhor decisão, potencializando os lucros.
Quanto mais volátil uma ação, título ou commodity, maiores serão os riscos, uma vez que esse movimento pouco estável dificulta a avaliação do momento certo da compra. É como se você estivesse praticando tiro ao alvo com o alvo em movimento.
Nesse caso, que fatores devem ser considerados para que o “tiro” seja certeiro? No mercado financeiro existem, basicamente, duas formas de analisar o risco em um investimento. Veja!
Nesse tipo de análise, a volatilidade de um papel é medida por meio de ferramentas como o price action, média móvel, retrações de Fibonacci, entre outras. Em comum, todas elas têm a propriedade de apontar para uma probabilidade de queda ou subida no preço a partir do que a própria oscilação nos preços aponta.
Por sua vez, a análise fundamentalista procura ir até a “raiz” para avaliar se os papéis de uma empresa vão ganhar ou perder valor. Tem esse nome porque é feita a partir de dados extraídos de documentos contábeis.
Balanço Patrimonial, DRE, Ebitda e outros demonstrativos do gênero são utilizados para saber se uma ação está subvalorizada ou se seu preço tende a cair. Sendo assim, esse tipo de análise não contempla a volatilidade que, como vimos, leva em consideração apenas a variação dos preços ao longo do tempo.
Imagine que você está avaliando um investimento em um ativo que, em um day trade, apresentou como preço mais baixo o valor de R$ 5,00. No outro dia, seu valor subiu, passando para R$ 15,00. Ou seja, em apenas um dia, o preço dessa ação variou 200%.
Já um outro ativo, na terça-feira, apresentava preço de R$ 7,00. Uma semana depois, seu valor de mercado alcançou R$ 9,50. Logo, tivemos uma oscilação bem mais modesta de apenas 35,7% em um período de tempo bem mais largo. Isso, claro, considerando que o valor máximo não ultrapassou esse percentual durante esses sete dias.
Considerando esses exemplos fictícios, que decisão você tomaria? Perceba que a ação que valia R$ 5,00 em um dia e passou a valer R$ 15,00 em outro apresenta uma margem de ganho maior. Em contrapartida, a que valia R$ 7,00 proporcionaria ganhos menores, mas o risco envolvido seria bem menor, tendo em vista que a variação do preço é mais estável.
De qualquer forma, esses padrões nem sempre são regulares. Pode ser que a ação mais volátil, depois de um certo período, passe a oscilar menos. Essa reversão também pode acontecer com o ativo mais estável, o que aumentaria a incerteza sobre os riscos envolvidos.
Acabamos de ver que a volatilidade é proporcional ao risco de perdas em um ativo, em um espaço de tempo mais curto. Dessa forma, esse princípio se aplica a todos os investimentos de alto risco. Ações, commodities, moedas e todos os que sejam negociados em bolsa de valores vão apresentar algum grau de volatilidade ao longo do tempo.
O trader deve estar atento ao período em que pretende negociar, calculando a volatilidade conforme ela se configura pela análise de frações de tempo similares. Em outras palavras, se a estratégia é comprar e vender dentro de 15 dias, então, o mais sensato é calcular a volatilidade para esse mesmo período antes da compra. Ou, se o objetivo é abrir e fechar uma posição no day trade, a análise deverá focar no curto prazo, portanto, em períodos de 24 horas.
Se levarmos o conceito ao pé da letra, todo investimento de baixo risco ou indicado para perfis conservadores terá sempre baixa ou nenhuma volatilidade. Normalmente, isso acontece porque muitas são aplicações com rendimento pré-fixado, nos quais o investidor já sabe quanto vai ganhar antes da compra.
Nesse espectro, encontram-se o CDB, LCI, Tesouro Nacional e até a velha Caderneta de Poupança. São investimentos seguros, porém, em compensação, sua baixíssima volatilidade reduz o potencial de ganhos.
O cálculo da volatilidade é bastante simples e é feito da mesma forma como no exemplo que demos acima. De qualquer forma, vamos a mais um exemplo para solidificar o conhecimento adquirido.
Primeiro, você deverá adotar um período de tempo como referência. No nosso caso, vamos considerar 24 horas. Nesse tempo, a ação 1 apresentou preço mínimo de R$ 35,50 e máximo de R$ 42,30. Tivemos, então, uma variação percentual no preço de 19,1%.
Por sua vez, a ação 2 variou entre R$ 28,70 e R$ 47,80. Sendo assim, ela variou em 66,5% de um dia para outro, apresentando comportamento mais volátil.
Então, ficou 100% esclarecido o que significa volatilidade no mercado financeiro? Agora, aplique o conhecimento adquirido em suas análises, teste os resultados e veja seus lucros aumentarem!
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Luana Dennis é analista de conteúdos da WeInvest. Como uma grande entusiasta das transformações que a educação financeira e o investimento inteligente e estratégico podem trazer na vida das pessoas ela visa sempre acompanhar de perto o mercado financeiro para produzir conteúdos de alto padrão.