Em 2021 as commodities têm ganhado bastante espaço entre os conteúdos sobre mercado financeiro. Com a crise em 2020, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizou no mundo (quase 30%), o que tornou o dólar uma moeda ainda mais apreciada. Além disso, a demanda por bens de consumo aumentou significativamente durante o isolamento social. Por isso, neste post, nós mostramos algumas razões pelas quais é interessante investir em commodities neste ano.
Apenas de janeiro a maio de 2020, o dólar passou de R$4,07 para R$5,87. Mesmo que hoje esteja um pouco mais baixo (por volta de R$5,40), o real continua a ser uma moeda muito fraca em termos de paridade de poder de compra.
Isto quer dizer que é extremamente interessante para o investidor brasileiro ter um patrimônio dolarizado para aumentar seus rendimentos. Commodities são precificadas em dólar, motivo pelo qual é uma maneira interessante de se expor à moeda. Além disso, o fato do Brasil ser um país exportador de commodities traz uma vantagem competitiva.
Trazemos um exemplo: imagine uma empresa agrícola cujo custo marginal (ou seja, o custo para cada unidade de produto) seja R$15,00. Este valor, com o câmbio de janeiro de 2020, daria US$3,68. Com o câmbio de maio de 2020, em contrapartida, seria de US$2,55. Isto tornaria o produto, acrescido do mark up da empresa, mais atrativo em comparação a outras empresas.
Fala-se muito, no ano de 2021, sobre o superciclo de commodities. Este movimento de mercado, semelhante ao que ocorreu após da crise dos subprime em 2008, faz com que os preços destes produtos disparem com a retomada econômica.
Além do próprio aumento de demanda, fatores como o aumento dos gastos do governo e a expansão monetária/aumento da liquidez mundial também são responsáveis por impulsionar o consumo de commodities, segundo Marko Kolanovic, estrategista do JP Morgan.
Além disso, o Brasil apresenta uma retomada do consumo de famílias muito mais lenta que o resto do mundo. Como o centro da epidemia mundial e com o baixo número de pessoas vacinadas, o isolamento social ainda urge no país, o que desestimula a demanda.
Estes fatores, além do câmbio desvalorizado e do déficit fiscal, tornam, para as empresas, mais interessante o foco no comércio internacional.
A China apresentou crescimento impressionante nos últimos anos. Através de uma série de fatores, como desestatização de determinados setores, incentivos fiscais, estratégias de engenharia reversa e uma série de reformas, se tornou protagonista no sistema internacional.
No entanto, a China ainda é um país que depende fortemente de importação de produtos, especialmente commodities. Segundo a Reuters, a retomada econômica chinesa irá aumentar fortemente a demanda por cobre, soja, minério de ferro, petróleo WTI e ouro.
A China vem adotando, desde os anos 70, um plano de desenvolvimento econômico chamado “Plano Quinquenal”. Como o próprio nome diz, traça as medidas macroeconômicas para os próximos 5 anos. Em novembro de 2020, foi aprovado pelo Partido Comunista Chinês o 14º Plano. Este plano, que compreende os anos de 2021 a 2025, busca, dentre outras coisas, importar o maior número de commodities possível para evitar a vulnerabilidade no caso de uma possível crise. Além disso, busca ter o enfoque em desenvolvimento tecnológico e melhorar a qualidade de vida do povo chinês, além de manter sua posição frente à balança de poder internacional.
Com a altíssima emissão de moeda em 2020, certamente, a liquidez internacional trará uma pressão inflacionária em todo o mundo. A expectativa chinesa é de estocar estas commodities e evitar ser afetada por grandes crises internacionais, ao passo que os gastos serão mais voltados para maiores investimentos, como a iniciativa One Belt One Road, e a disputa tecnológica do 5G.
O Plano Quinquenal chinês deste ano, portanto, será também um impulso na demanda por commodities.
Uma das opções para se investir em commodities é a emissão de ordens de contratos futuros. Na B3, são negociados bens como boi gordo, ouro, minério de ferro, soja, milho, café, petróleo Brent e WTI, moedas e alguns bens de matriz energética como etanol e gás natural.
Outra forma de investir em commodities, de maneira pouco mais indireta, é investir em papéis de empresas que exportam estes bens. Em outras palavras, são ações de empresas com alta correlação com a variação de preço destas commodities.
Se você acredita na valorização de minério de ferro, por exemplo, a Vale é uma empresa interessante para se investir. Se existe um movimento de valorização para petróleo brent, os papéis da Petrobrás podem ser interessantes. A valorização do ouro tem uma grande correlação com AURA33, e assim por diante.
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Graduanda em Relações Internacionais com especialização em mercados financeiros, copywriting e comércio exterior. Pesquisadora voluntária em cooperação internacional europeia. Monitora no núcleo de Economia Política Internacional. Apaixonada por educação financeira e produção de conteúdo.