Um dos maiores estigmas em relação ao mundo dos investimentos é a constante possibilidade de perder dinheiro. Obviamente, a depender do seu perfil de risco, você estará mais ou menos exposto a essa possibilidade. Por isso, a palavra de ouro da WeInvest, como muitos de nossos leitores assíduos já sabem, é diversificação. Mas você sabe qual a diferença entre diversificação e pulverização?
Diversificação de carteira seria o oposto de concentração. É definido por distribuir seu capital investido em diversos ativos, de setores, riscos e rentabilidades diferentes, de maneira a diminuir sua exposição a riscos.
Por exemplo, em uma carteira diversificada, você encontrará produtos de renda fixa (sejam CDBs e letras de crédito, seja NTN-B), ações de diferentes setores (exportadoras, proteína, shoppings, aviação e tech, por exemplo), fundos de investimento, exposição em dólar e ouro, e possivelmente alguma posição em investimentos internacionais.
Desta forma, é possível mitigar diversos tipos de riscos, de forma que, ainda que algum ativo se prejudique, não há um comprometimento de toda a carteira.
A teoria de Markowitz, cuja explicação simplificada você pode encontrar no nosso glossário da WeInvest, ajuda a compreender um pouco da importância da diversificação de uma carteira. Segundo Markowitz, o ideal é possuir entre 15 e 20 ativos em sua carteira, para mitigar riscos de maneira substancial. Depois do vigésimo ativo, a segurança marginal já não é tão considerável e há uma maior perda dos lucros – lembre-se, investidor: existe um trade off entre a rentabilidade e a segurança do ativo. Desta forma, quanto mais ativos você adquire, você também limita seus ganhos.
Basicamente, para diversificar uma carteira, é preciso adquirir ativos que tenham uma correção negativa. Isto é, quando um ativo sobe, geralmente, o outro tende a cair. Um exemplo clássico é o dólar e o Ibovespa.
Na pulverização, o investidor procura possuir diferentes ativos que têm correlação positiva. Por exemplo, títulos públicos e títulos privados, ou o preço do petróleo e as ações da Petrobrás.
Certamente que a pulverização te ajuda a ter uma posição mais alavancada num setor que você acredita que tende a se beneficiar do cenário econômico nos próximos anos – porém, também contém seus riscos.
Para compreender o risco da pulverização, é preciso fazer a distinção entre risco sistêmico e risco não-sistêmico:
O risco sistêmico é aquele que afeta toda a economia. É o caso de uma crise econômica, ou mesmo da própria pandemia do novo coronavírus, que afetou todos os setores – ainda que alguns se afetassem mais ou menos.
O risco não-sistêmico afeta determinados setores isoladamente. Uma crise do petróleo, por exemplo, tende a afetar ativos específicos deste setor. O risco de não-cumprimento de obrigações das debêntures, por exemplo, é outro risco não-sistêmico.
Portanto, ainda que a pulverização ajude uma carteira a passar incólume por riscos não-sistêmicos (desde que não sejam do setor que a carteira está exposta), um risco sistêmico pode afetar a carteira de maneira brutal.
Daí a recomendação de Nassim Taleb de uma carteira antifrágil: tendo ativos de diversos setores, países e riscos, você consegue proteger melhor o seu patrimônio.
Sim! Uma maneira de concentrar renda em ativos de correlação positiva é através do fundo de fundos (FoF), que diversifica sua carteira em diferentes fundos de investimentos, entre eles multimercados, renda fixa, FIIs e FIAs. Desta forma, você tem diversificação e pulverização simultaneamente em seus investimentos.
Outra boa maneira de diversificar e pulverizar simultaneamente é tendo alguma exposição em ETFs. IVVB11, por exemplo, é um ETF com exposição no S&P500. GOLD11, um ETF com exposição em ouro e fundos de ações correlacionadas ao setor.
Desta forma, você consegue diversificar e pulverizar simultaneamente os ativos.
Recomendamos também para nossos leitores esta publicação sobre mercado fracionário.
Graduanda em Relações Internacionais com especialização em mercados financeiros, copywriting e comércio exterior. Pesquisadora voluntária em cooperação internacional europeia. Monitora no núcleo de Economia Política Internacional. Apaixonada por educação financeira e produção de conteúdo.