Não é novidade para ninguém que a educação financeira é praticamente inexistente no Brasil, não é mesmo? O resultado de tanta desinformação não poderia ser outro: pessoas cada vez mais endividadas e com cada vez menos dinheiro para investir.
Para piorar a situação, de acordo com uma pesquisa realizada pela ANBIMA, em 2018, mais da metade da população brasileira desconhece ou não utiliza qualquer tipo de produto de investimento. E os que têm a consciência de investir raramente escolhem as melhores opções.
Atualmente, 89% dos brasileiros que investem em algum produto financeiro destinam suas economias para a pior aplicação disponível no mercado: a poupança. Pouquíssimas pessoas sequer conhecem outras aplicações, que poderiam ser bem mais efetivas e rentáveis aos seus bolsos.
Por isso, elaboramos este artigo para falar sobre uma modalidade pouco conhecida, porém, bastante interessante para quem pretende poupar a longo prazo. Quer saber mais sobre os fundos de investimento? Então, acompanhe a leitura!
Em curtas palavras, podemos dizer que um fundo de investimento nada mais é do que um grupo de investidores que repassam seus recursos para um gestor profissional, cuja missão é investir o capital cedido e obter lucros por meio dele.
Cada fundo é composto por um determinado número de cotas. Essas cotas são, inicialmente, negociadas a um preço preestabelecido e cada investidor pode adquirir quantas achar necessário.
O dinheiro arrecadado pelo fundo com a venda de cotas é, então, investido de acordo com a modalidade específica de cada um. Por exemplo, existem fundos de investimento que aplicam em títulos públicos, títulos de renda fixa, ações, derivativos, commodities, imóveis e até mesmo em cotas de outros fundos.
Para efeito de comparação, podemos dizer que um fundo de investimento funciona de forma bastante similar a um condomínio residencial. Em um condomínio (fundo de investimento), cada morador (investidor) é dono de um apartamento (cota) e o dinheiro pago mensalmente é gerido pelo síndico (administrador do fundo).
A grande diferença desse exemplo é que as cotas do fundo são adquiridas de uma só vez, enquanto o dinheiro do condomínio é pago mensalmente. Entretanto, alguns fundos cobram taxas de administração ou taxa de performance, justamente pelo trabalho que estão tendo de gerir os recursos.
Dessa forma, todos os meses o fundo retém um determinado percentual (taxa de administração) do seu lucro como forma de pagamento e, às vezes, ainda fica com uma fatia a mais do lucro obtido (taxa de performance).
Pelo fato de não serem tão conhecidos quanto os investimentos mais tradicionais, como a caderneta de poupança, algumas pessoas têm o pensamento de que aplicar em fundos de investimento é arriscado.
Essa afirmação, apesar de não ser falsa, também não pode ser considerada completamente verdadeira. Isso porque existem diversos tipos de fundos disponíveis no mercado e cada um deles investe de forma diferente os seus recursos.
Existem fundos que investem apenas em títulos públicos e de renda fixa. Esse tipo é considerado de baixo risco, pois investem em ativos considerados seguros. Logo, nessa modalidade específica de fundo, o risco é mínimo.
Por outro lado, existem fundos de investimentos mais arriscados, que aplicam em ativos voláteis e que podem ter perdas de acordo com a variação dos preços, como os fundos de ações. Há também aqueles que mesclam entre ações e títulos de renda fixa para reduzir a exposição ao risco, por exemplo.
Por fim, existem aqueles fundos que operam alavancados, isto é, tomam dinheiro emprestado além das cotas para investir. Nesses casos, o risco é extremamente alto, pois existe a chance de o fundo perder tudo, caso haja alguma decisão equivocada na gestão da carteira.
Portanto, não podemos dizer que investir em fundos é um risco nem que é 100% seguro. Existem, sim, fundos arriscados, mas também existem aqueles que oferecem riscos mínimos a quem aplica. Então, se você quer começar no mundo dos fundos de investimento, tudo vai depender do seu perfil de investidor e do quão disposto você está a correr riscos em troca de uma rentabilidade mais alta.
Para que você tenha uma visão panorâmica a respeito do mercado de fundos de investimento, vamos listar as principais categorias desse tipo de aplicação. Confira!
De longe, os fundos de renda fixa são os mais populares do Brasil. De modo geral, nessa categoria, os fundos devem ter, no mínimo, 80% da sua carteira aplicada em ativos de renda fixa, tais como CDBs, títulos do Tesouro Direto, LCI, LCA, CRI, debêntures e outros. Sem dúvidas, os fundos de renda fixa são os mais seguros da categoria dos fundos de investimento.
De acordo com as normas da CVM, os fundos de investimentos em ações devem ter, no mínimo, 67% dos recursos aplicados em ações. Cada um tem sua estratégia definida e, antes de investir, é bom ler as lâminas e o prospecto.
Por exemplo, existem fundos que focam mais em adquirir ações de determinados setores, como energia, consumo, bancário etc. Outros focam em investir em empresas boas pagadoras de dividendos. Na mesma lógica, podem existir fundos que compram apenas pequenas empresas, já outros que investem somente em empresas grandes.
Cada um dos fundos de investimento tem a sua peculiaridade e é por isso que você deve pesquisar e encontrar aquele que se encaixe melhor nas suas características como investidor.
Os fundos cambiais, como o próprio nome sugere, investem seu patrimônio em alguma taxa de câmbio. Na verdade, quem investe nesse tipo de fundo está buscando exposição direta a alguma moeda estrangeira, como Euro, Dólar ou qualquer outra.
Dessa forma, quando o Real se desvaloriza perante a moeda negociada pelo fundo cambial, o cotista vê seus retornos aumentarem significativamente.
Outra categoria bastante popular entre os investidores mais experientes no mercado financeiro é a dos fundos multimercado. Esse tipo de fundo é bastante flexível e pode ter em sua carteira uma extensa lista de ativos.
Por exemplo, um mesmo fundo multimercado pode investir em ações, títulos de renda fixa, câmbio, commodities e diversas outras coisas. Dessa diversidade é que surge o nome “multimercado”, pois são fundos que atuam em diferentes áreas do mercado financeiro.
Outra vantagem desse fundo é que, ao contrário dos outros, não existe norma que estabeleça um percentual mínimo para nenhuma dessas classes. Ou seja, o fundo pode aplicar e repartir a sua carteira da forma como bem entender. Sendo assim, nessa categoria, é extremamente importante que o fundo tenha um gestor capaz de lidar com as diferentes vertentes do mercado.
Para o investidor iniciante que está perdido no meio de tanta variedade, existem os fundos de fundos. Os fundos de investimento dessa categoria são montados para, literalmente, adquirirem cotas de outros fundos.
Então, se você não conhece o suficiente sobre esse mercado e tem receio de investir por conta própria, você adquire cotas de um fundo de fundos (FOF) e repassa seu dinheiro para um gestor experiente e com conhecimento para que ele próprio decida em quais fundos seu capital será investido.
Uma das categorias de fundos de investimento que mais cresce no Brasil atualmente é a de fundos imobiliários.
A ideia central nesses fundos é investir em ativos imobiliários de fato, como shoppings, galpões logísticos, prédios corporativos, hotéis e agências bancárias e ações de empresas de construção ou papéis de renda fixa imobiliária, tais como CRIs e LCIs.
Ao investir em fundos como esse, o investidor terá todos os benefícios de investir em imóveis diretamente e ainda vários outros.
As cotas dos fundos costumam ter valores inferiores ao de grandes imóveis; com eles você terá acesso a uma série de imóveis que não teria diretamente como pessoa física e ainda evitará uma série de “dores de cabeça” (como falta de liquidez, altas taxas de vacância, etc).
Descubra aqui outros benefícios dos FIIs.
Além da classificação por categorias, os fundos de investimento também podem ser divididos por tipos de gestão. Na verdade, essa é uma questão crucial a ser analisada antes da decisão de aplicar ou não em algum fundo, uma vez que, dependendo do modelo de gestão, podem existir mais ou menos riscos.
Veja, a seguir, os dois tipos existentes de gestão de fundos de investimento.
Os fundos de investimento de gestão ativa têm como objetivo superar o desempenho de um benchmark (índice de mercado) qualquer. Ou seja, podem existir fundos de renda fixa que proponham superar o CDI ou determinados fundos de ações que busquem bater o Ibovespa — índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Obviamente, existem vários fundos que propõem superar diversos outros benchmarks.
Vale lembrar que essa ideia de superar outro índice é apenas o objetivo do fundo. Logo, não existem garantias de que ele vai conseguir superar o benchmark escolhido.
Apesar disso, os administradores do fundo vão gerir a carteira de forma ativa, isto é, abrindo e fechando posições a todo momento, como forma de tentar atingir o objetivo principal de superar o índice de mercado escolhido.
Para verificar se um determinado fundo está conseguindo superar o seu benchmark, existe uma métrica bastante conhecida no mercado chamada alfa. Essa métrica é, simplesmente, a diferença entre a rentabilidade obtida pelo fundo e a alcançada pelo benchmark.
Quando essa diferença (alfa) é positiva, depois de retirados todos os custos e taxas, o fundo está cumprindo a meta de superar o índice. Caso seja negativa, ele não está conseguindo atingir seu objetivo principal.
Os fundos de gestão passiva funcionam de forma exatamente oposta aos fundos de gestão ativa. Neles, o objetivo é simplesmente replicar um determinado índice de mercado. Existem fundos que acompanham a Taxa Selic, por exemplo, enquanto outros replicam o Ibovespa, como o ETF chamado BOVA11, negociado na própria Bolsa de Valores.
Antes de mais nada, para começar a aplicar seu dinheiro em fundos de investimento, você deve conhecer bem o seu perfil de investidor. Afinal de contas, existem centenas de fundos disponíveis no mercado e é bem provável que você queira acertar na sua decisão, não é mesmo?
Então, a primeira coisa a ser feita é estudar qual dos tipos de fundo se adequa melhor às suas necessidades e características. Após traçar seus objetivos, você será capaz de entender qual é o mais indicado para o seu perfil e poderá tomar a decisão de forma tranquila e consciente.
Depois de traçar o seu perfil de investidor, você deverá abrir uma conta em alguma corretora de investimentos. Atualmente, os principais fundos de investimento abertos para novos cotistas são negociados pelas corretoras. Então, se você ainda não tem conta em uma corretora, faça uma pesquisa rápida. Hoje em dia, existem várias boas opções no mercado.
Ao longo deste artigo, você pode perceber que os fundos de investimento são uma excelente alternativa para quem está em busca de uma aplicação rentável. A proposta dessa modalidade de investimento é ser uma alternativa mais simples, menos burocrática e mais eficiente para os investidores.
Por exemplo, os fundos de investimentos em ações facilitam a vida de quem não tem tempo e conhecimento suficiente para gerir uma carteira de ativos da Bolsa de Valores. Na mesma lógica, os fundos imobiliários surgem como alternativa à compra de imóveis e os fundos multimercado como solução para uma carteira diversificada.
Todas essas modalidades de fundos de são extremamente indicadas, apesar de serem pouco conhecidas. Existem fundos para todos os gostos, de conservadores a arrojados. Então, não fique preso à poupança. Aplique uma parte das suas economias em fundos de investimento e faça seus rendimentos aumentarem significativamente.
Nas corretoras, você terá acesso a praticamente todos os tipos de fundo, inclusive os que são negociados na bolsa de valores, como os fundos imobiliários e os ETFs.
Esse serviço é totalmente simples e desburocratizado e, ao contrário do que muita gente pensa, não é preciso ser nenhum gênio das finanças para começar a aplicar no ramo dos fundos de investimento.
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Luana Dennis é analista de conteúdos da WeInvest. Como uma grande entusiasta das transformações que a educação financeira e o investimento inteligente e estratégico podem trazer na vida das pessoas ela visa sempre acompanhar de perto o mercado financeiro para produzir conteúdos de alto padrão.