É bem provável que você já tenha escutado na televisão, ou lido alguma notícia que falava sobre a taxa Selic. Essa é a taxa básica de juros da economia, é muito importante para o país e afeta a vida de todos os brasileiros. Sim, ela afeta a sua vida! Por isso é muito importante saber como essa taxa funciona e como ela influencia no comportamento de outros índices como IPCA e CDI. Nesse texto você aprenderá isso e ainda saberá como aproveitar das variações das taxas de juros para ganhar mais dinheiro.
Antes de te explicar a taxa Selic em si é preciso entender um pouco o funcionamento do sistema financeiro.
A legislação determina que os bancos devem manter um percentual do dinheiro de seus clientes na conta do Banco Central.
Mas, todos os dias são realizadas inúmeras operações nas instituições financeiras. São saques, depósitos, pagamentos, empréstimos, e muitas vezes, um banco pode chegar ao final do dia com mais ou menos dinheiro no Bacen do que o exigido pela lei.
Para corrigir isso, as instituições financeiras fazem empréstimos de curtíssimo prazo (menos de 24 horas) umas às outras.
Para pegar dinheiro emprestado de outras instituições, os bancos apresentam como garantia títulos da dívida pública adquiridos do Banco Central, comprados por meio do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).
Toda essa história de bancos e empréstimos serve para você entender o que significa taxa SELIC OVER. Isso porque a taxa SELIC que você conhece e vê na em várias notícias é a taxa SELIC META.
Nesse texto, sempre que a taxa Selic for mencionada me referirei a SELIC META, que é o termo mais utilizado e o que você provavelmente está mais habituado a ouvir.
A principal relevância da Taxa Selic é sua influência direta no custo dos empréstimos e patamares de juros no mercado financeiro em geral. Entretanto, essa taxa influenciará também outros fatores da economia.
Uma Selic alta torna a distribuição de crédito pessoal e financiamentos mais cara e difícil. Além disso, tende a aumentar os juros praticados pelos cartões de crédito, diminuindo o número de compras parceladas. Com isso, o consumo tende a diminuir, principalmente no que diz respeito a mercadorias e serviços.
Como dito acima, de forma geral, a taxa Selic alta desestimula o consumo, fazendo com que haja uma oferta maior do que demanda, isso tende a gerar uma redução dos preços, ou seja, redução da inflação.
Já quando há cortes na taxa Selic o consumo tende a aumentar. Normalmente o valor do crédito também segue a mesma trajetória, fazendo com que as pessoas busquem mais empréstimos, o que aumenta a circulação de dinheiro e criação de novos postos de trabalho.
Queda na taxa Selic também causa impacto na inflação, aumentando-a, mas normalmente em taxas menores em períodos pós crise. Ou seja, o consumo reduz devido a recente crise, gerando um crescimento mais tímido da inflação, mesmo com o incentivo da redução da SELIC.
Para as empresas, os cortes na taxa Selic também são muito importantes. Isso porque o seu endividamento cai e elas são capazes de se desenvolver, ou seja, realizar novos investimentos, reduzir a capacidade ociosa e gerar empregos.
Além de servir como um parâmetro para as demais taxas da economia, o aumento e diminuição da Selic também possui profunda influência no seu dia a dia e na economia do Brasil.
Por ser uma taxa de grande importância, é fundamental que exista um meio transparente e confiável para defini-la. Esse meio é o Comitê de Política Monetária (COPOM).
Esse comitê, que foi criado em 1996, é responsável por definir a taxa de juros básica da economia e estabelecer as regras da quantidade de dinheiro em circulação no país.
Para decidir o rumo da taxa básica de juros, a equipe do COPOM se reúne a cada 45 dias.
Toda segunda feira o Banco Central emite um relatório, chamado de Relatório Focus. Este relatório resume as principais estatísticas econômicas considerando as expectativas de mercado. Nele podemos encontrar a taxa Selic atual e a expectativa dessa taxa para o futuro.
A taxa Selic mensal e anual são mais utilizadas, porque fornecem informações sobre o seu comportamento em um período maior.
A consulta delas pode ser feita no site da Receita Federal. Abaixo temos os valores dos últimos seis anos:
A taxa Selic está intimamente ligada aos momentos econômicos do Brasil. Afinal, a meta é definida visando controlar o consumo e a taxa de juros.
Logo, os valores estabelecidos pelo Copom podem revelar muitas informações úteis para entender o momento que vivemos.
As tabelas abaixo, retiradas do site do Banco Central, mostram a evolução da taxa Selic no Brasil desde 2013.
Vemos que em 2013 a Selic iniciou um movimento de alta até sofrer a primeira queda em outubro de 2016, chegando a 6,5% onde está estabilizada desde março de 2018.
Este índice também reflete a situação econômica que o país viveu. O pico da crise aconteceu entre os anos de 2015 e 2016. A partir da mudança de governo, houve uma série de reformas, junto ao ajuste dos índices, para permitir crescimento econômico e geração de empregos.
No final de 2016 e durante 2017, a taxa Selic sofreu vários cortes conforme o Brasil dava sinais de saída da crise econômica.
Atualmente ela está cotada em 6,5% ao ano, a taxa mais baixa da história.
Além de influenciar a economia, a meta da Selic afeta diretamente seus investimentos.
Os investimentos em renda fixa são, em sua maioria, atrelados a taxas de juros, logo, qualquer mudança nela afeta diretamente o quanto cada um desses investimentos rende.
Aplicações pós-fixadas dependem da variação das taxas de juros durante o período do investimento.
Em um Tesouro Selic, por exemplo, quando a taxa Selic é alterada, sua rentabilidade automaticamente acompanha a mudança.
A mesma lógica pode ser aplicada para CDBs, LCIs e LCAs e outros títulos privados pós-fixados, que pagam porcentagens do CDI, taxa que costuma acompanhar de perto a Selic.
Para saber as relações e diferenças entre CDI e Selic, clique aqui.
Há também investimentos em renda fixa que são atrelados aos índices de inflação. Nesse caso, é importante ter em mente que a Selic é um mecanismo de controle do índice de preços.
Se a Selic cai, a tendência é que a inflação suba, e vice-versa.
Já no caso de títulos prefixados, a situação é um pouco diferente. Se você já comprou um título que paga, por exemplo, 10% ao ano a variação da Selic não afeta aquele rendimento. Você poderá resgatar, no vencimento, o valor investido corrigido pela taxa combinada.
Entretanto, se há uma expectativa de queda da taxa de juros os títulos prefixados provavelmente pagarão menos do que a taxa básica, antecipando essa queda.
Outra aplicação que acompanha de perto a Selic é a poupança, o rendimento dela será de:
A relação da Selic com investimentos em ações se dá de maneira indireta. Papeis de empresas não estão diretamente atrelados a taxas de juros, mas sofrem a influência das condições de mercado e da economia como um todo.
Por isso, pode-se dizer que cenários de queda dos juros geram algumas consequências:
O contrário também é válido. Aumento na taxa de juros torna o crédito mais caro difícil, fazendo com que a economia reduza suas atividades. Assim, há uma tendência de queda no preço das ações por causa dos maus resultados das empresas.
Você já viu que a taxa Selic influencia a economia do país e afeta a vida de todos os brasileiros. Se você quer saber exatamente como aproveitar do atual momento do Brasil, em que as taxas de juros estão nos patamares mais baixos já vistos, deixe seus dados conosco.
Te deixaremos por dentro de todas as oportunidades do mercado financeiro. Dessa forma, mesmo com mudanças na Selic você estará bem posicionado e saberá as melhores formas de conseguir bons retornos.
Luana Dennis é analista de conteúdos da WeInvest. Como uma grande entusiasta das transformações que a educação financeira e o investimento inteligente e estratégico podem trazer na vida das pessoas ela visa sempre acompanhar de perto o mercado financeiro para produzir conteúdos de alto padrão.